Eduardo Duarte @ 21:53

Seg, 16/11/09

«Antigamente, O Largo era o centro do mundo. [...] Era o centro da Vila. Os viajantes apeavam-se da diligência e contavam novidades. Era através do largo que o povo comunicava com o mundo. Também, à falta de notícias, era aì que se inventava alguma coisa que se parecesse com a verdade. O tempo passava, e essa qualquer coisa inventada vinha a ser verdade. Nada a destruía: tinha vindo do Largo. Assim, o Largo era o centro do mundo.

 

Quem lá dominasse, dominava toda a vila. Os mais inteligentes e sabedores desciam ao Largo e daí instruíam a Vila. Os valentes erguiam-se no meio do Largo e desafiavam a Vila, dobravam-na à sua vontade. Os bêbados riam-se da Vila, cambaleando, estavam-se nas tintas para todo o mundo, quem quisesse que se ralasse, queriam lá saber - cambaleavam e caíam de borco. Caíam ansiados de tristeza no pó branco do Largo. Era o lugar onde os homens se sentiam grandes em tudo o que a vida dava, quer fosse a valentia, ou a inteligência, ou a tristeza.»

 

In: O Largo, O Fogo e as Cinzas, Manuel da Fonseca.

 

Quem lê este trecho facilmente conseguirá estabelecer um paralelo e vislumbrar a importância do Largo dos Chorões na vida pública e cosmopolita de Monchique. Um Largo de História, com muitas outras histórias, das inverosímeis, para contar. Em cada uma delas, há um (ou mais) Rocambole extraordinário como protagonista. Gente duma fineza humilde, tão grande como quem nela pensa. Parecido, nos dias de hoje, ainda se encontra isto. Julgo já não ser mau.

 

 

 

Fotografia cedida por Marco Santos. Não me atrevo a fazer-lhe um enquadramento no tempo. Atiro a minha ignorância  à arena do desafio ao conhecimento dos leitores que se sintam capazes de dizer a que circunstâncias esta foto se reporta.

 

ADENDA: Graças ao leitor Armindo Jorge, a quem agradeço pela sua preciosa contribuição esclarecedora e congratulo pelos conteúdos históricos e culturais do Mons Cicus, posso agora fazer a devida contextualização da imagem que ilustra a posta. A fotografia é da autoria de António Maria de Rhodes Sérgio Callapez, antigo chefe de Secretaria na Câmara Municipal e retrata a visita do Almirante Américo Tomaz a Monchique, em Abril de 1968.

 

Este esclarecimento permite ainda reforçar a importância do Largo dos Chorões enquanto espaço público de vivência, convívio e socialização popular, indo ao encontro das palavras transcritas a Manuel da Fonseca e à descrição do Largo de Santiago do Cacém.

 

O Largo [dos Chorões] era o centro do Mundo, palanque até para salamaleques a lacaios...


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Armindo Jorge @ 14:33

Ter, 17/11/09

 


Se copirem este link : http :/ monscicus.blogspot.com /2008/05 poltica-antes-do-25-de-abril.html " http :/ monscicus.blogspot.com /2008/05 poltica-antes-do-25-de-abril.html </a>pode ficar-se a saber um pouco mais da origem desta foto publicada no blogue MONS CICUS no dia 04-05-2008 cujo autor é o Dr. António Maria de Rhodes Sérgio Callapez quando exercia as funções de chefe de Secretaria na Câmara Municipal de Monchique.

Anónimo @ 14:36

Ter, 17/11/09

 

Se copirem este link: http://monscicus.blogspot.com/2008/05/poltica-antes-do-25-de-abril.html (http://monscicus.blogspot.com/2008/05/poltica-antes-do-25-de-abril.html) pode ficar-se a saber um pouco mais da origem desta foto publicada no blogue MONS CICUS no dia 04-05-2008 cujo autor é o Dr. António Maria de Rhodes Sérgio Callapez quando exercia as funções de chefe de Secretaria na Câmara Municipal de Monchique

Pedro Manuel @ 23:30

Qui, 19/11/09

 

Olá boa noite Eduardo!
Qual será o monchiquense que não vê no Largo dos Chorões um pouco da sua história e não o mostra como quem se refere ao próprio coração, aos visitantes da nossa bonita e dinâmica terra?
De facto, o largo bombeava e bombeia a vida da vila e de todos nós, fazendo-nos chegar a qualquer ponto a partir da necessidade de cruzá-lo...
Quando lá passo (infelizmente cada vez menos devido ao muito trabalho que tenho fora de Monchique) reconcilio-me sempre com a terra onde tive a dita e graça de nascer. Quem o sente como seu percebe a diferença da nossa terra em relação a outras... a tantas... ao Algarve.
Monchique é diferente porque sim!
Muito obrigado pela mensagem deixada no meu blog.
Um abraço,

Pedro


Eduardo Duarte @ 10:09

Seg, 23/11/09

 

Nem mais Pedro! Monchique é diferente porque SIM! Quem não acredita, que cá venha ver com os próprios olhos aquilo que os nossos vislumbram! :)

Diamantino @ 15:06

Dom, 27/12/09

 

Do Largo da Fonte dos Chorões, a sala de vizitas de Monchique, tenho algumas velhinhas recordações. Nasci nessa lindissima vila, mas cedo me separei fisicamente dela, já lá vão sessenta anos. Sessenta anos de separação, há coisas que nos marcam, por vezes pequenas coisas.
Lembro-me do posto de abastecimento em plena praça, as bombas ainda eram accionadas manualmente. Ainda agora me parece ouvir os estalitos da engrenagem e o toque final de cada litro bombeado.
Lembro-me que na taberna do Laruça, numa corda esticada de parede a parede, um paciente camaleão de olhos rotativos, seguia os voos das moscas e apanhava aquelas que incautas pousassem na corda, ao alcance da língua descomunal e pegajosa do bizarro bicharoco.


memocult @ 15:43

Seg, 31/05/10

 

Sim de facto esta foto é de António Maria Callapez. Se quiser conhecer mais fotografias deste autor pode ver na exposição que decorre na CCDR Algarve, em Faro até ao dia 18 de Junho de 2010. Esta exposição da obra de António Maria Callapez éd organizada pela Associação Cultural de Monchique, Memo.


Esta Associação a quem pertencem os direitos do espólio do autor, está disponível para fornecer todosos dados que necessite sobre o autor.
obrigado!
carlos abafa 

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